segunda-feira, 13 de junho de 2016

Mel cremoso, uma invenção genial

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Não sou uma pessoa muito observadora. Tenho pena, porque há coisas interessantes que me escapam completamente. Há uns anos, num pequeno almoço num hotel em Copenhaga, disseram-me "Já reparaste que o mel é cremoso e que dá para barrar?". Não, não tinha reparado... E a pergunta seguinte foi "O que é que eles adicionarão ao mel para ficar assim?". Não sabia, mas fiquei com curiosidade. Não fosse dar jeito... meti 2 ou 3 doses de mel na carteira. Foi a minha sorte!

A Patrícia de vez em quando diz "O google é o nosso melhor amigo." E tenho que lhe dar alguma razão. Cheguei, googlei e logo descobri que era apenas mel que tinha sido cristalizado. De facto, o mel é uma solução sobressaturada de açúcar, em geral mais de 70% de açúcar e menos de 20% de água, e sendo assim é instável. Por isso frequentemente cristaliza.

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Os principais açúcares no mel são a frutose e a glucose, em geral um pouco mais de frutose do que de glucose. O açúcar que cristaliza é a glucose, pois a sua solubilidade em água  (910 g/L a 25 ºC) é menor que a da frutose (3750 g/L a 20 ºC), sendo esta mais difícil de cristalizar.

Ainda há dias fui dar com uma embalagem de um mel que quando comprei era fluido e agora, com o tempo mais frio, tinha cristalizado. Quando isto acontece o mel pode ficar menos agradável de comer, se os cristais forem grandes vão tornar o mel arenoso. No entanto, se os cristais forem muito pequenos, o mel fica transformado num creme com uma textura muito agradável, e que dá para barrar. Tem ainda a vantagem de não se sujar tudo à volta com pingos de mel.

O que fazem alguns produtores de mel, é cristalizarem o mel de forma controlada, de modo a se formarem muitos cristais pequenos, obtendo um mel que muita gente prefere por ser igualmente saboroso e mais fácil de usar. Um processo há muito usado, a patente foi registada em 1935 por Elton J. Dyce. Era assim que aquele mel era produzido, nada lhe tinha sido adicionado. Tinha apenas sido cristalizado.

Googlando encontrei logo instruções para fazer este mel cremoso. Bastava misturar bem 10% do melhor mel cremoso que encontrasse, com 90% do mel fluido que desejava cristalizar, pôr em lugar fresco e esperar. Os cristais que se adicionam induzem a cristalização e vão determinar a forma dos cristais que se vão formar. Assim fiz, usando os pacotinhos que tinha trazido de Copenhaga. Coloquei num local fresco e duas semanas depois tinham um frasco de mel cremoso.

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Uns dias depois no supermercado, vi que há à venda mel cremoso produzido cá pela SerraMel. Um óptimo mel cremoso de flores de laranjeira. Saboroso e com uma óptima textura, bem sedosa. É esse que uso agora quando quero um bom mel cremoso.

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Gráfico com a composição do mel DAQUI


Post inicialmente publicado no blog Assins & Assados

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